Liberté no Fórum de Direitos Humanos de São Paulo

A Dra. Diana Márquez compartilhou um olhar restaurativo a partir do cárcere.

“Construindo esperança desde o próprio inferno.”
Foi assim que Diana Márquez, secretária da Cooperativa de Trabalho Liberté, iniciou sua participação no Fórum de Direitos Humanos de São Paulo, Brasil. A frase não foi apenas um impacto de abertura: sintetiza a essência da Liberté, uma organização nascida dentro de uma prisão na província de Buenos Aires, gerida por pessoas privadas de liberdade.

Em sua fala, Márquez descreveu com dureza a realidade das prisões argentinas: superlotação, abandono institucional e uma lógica punitiva que perdeu sua função transformadora. Diante disso, propôs uma abordagem baseada na Justiça Restaurativa, que coloca no centro as necessidades das vítimas, das pessoas autoras do dano e da comunidade — em vez de respostas meramente punitivas.

A Dra. Márquez afirmou que “a esperança tem nome: Liberté”, referindo-se à experiência concreta e cotidiana dessa cooperativa que, desde 2014, mostra que, mesmo em contextos extremos, é possível construir organização, dignidade e sentido por meio do trabalho.

Também compartilhou casos reais acompanhados pela Associação Vítimas pela Paz, nos quais o diálogo entre vítimas e pessoas autoras de delitos gerou processos profundos de cura, para além dos limites do processo penal tradicional. Diana destacou que o enfoque restaurativo “não fetichiza a dor”, mas a transforma — e fez um chamado ético: “Precisamos urgentemente de criatividade, iniciativa e liberdade para abrir novos caminhos sem pedir permissão.”

Na Liberté, essa mensagem vira prática concreta: promover uma convivência onde ninguém seja excluído, mesmo tendo cometido erros.