Assim afirmou à Rádio Aires de Liberté a Dra. Márquez, uma das quatro pessoas que ministraram aula sobre o tema Justiça Restaurativa na recente jornada da Diplomatura Universitária Paradigmas de Segurança Cidadã. Márquez é coordenadora dessa diplomatura, além de ser Secretária do Conselho de Administração Cooperativa de nosso espaço e também presidente da Associação Vítimas pela Paz.
Um Encontro de Reflexão e Ação
“Olá, Miguel, obrigada por esta entrevista. Acho que uma das coisas mais importantes que aconteceu hoje foi podermos estar quatro pessoas que realmente trabalhamos e pensamos sobre justiça restaurativa. Vejo isso como algo muito importante, porque também nós somos uma grande comunidade que está construindo esse tema. Mesmo que talvez não chegue ao grande público, ao longo dos anos vimos que esses processos vêm, de alguma forma, ganhando espaço nas comunidades e nas experiências. E isso demonstra que outra forma de construção é possível.”
A Experiência da Cooperativa Liberté
“E nós estamos demonstrando isso a partir da Cooperativa Liberté. Quando digo que a Liberté é um espaço absolutamente restaurativo, digo porque o vivo, porque é ação cotidiana, é ação diária. E acredito que é isso que dá solidez ao saber e ao pensar que é restaurativo. Mesmo que certamente estejamos em processo e ainda nos falte muito para alcançar o êxito, de qualquer forma acredito que estamos no caminho de algo que é recuperar o tecido social, sair das posições individualistas e perceber que todos vivemos em comunidade — maior ou menor —, mas vivemos em comunidade e estamos interligados.”
Um Projeto que é um Farol para o Comunitário
“A verdade é que o que a diplomatura que estamos desenvolvendo tem de especial é que, a cada tema que pensamos, temos a possibilidade de contar com os melhores em cada área. E isso também é um orgulho, porque são pessoas que doam seu tempo, sua presença, gente que viaja voluntariamente, que está aqui porque acredita no projeto Liberté, porque se sente parte deste projeto, e porque o projeto e o modelo Liberté são realmente um farol — não apenas para o sistema prisional, mas também para o comunitário. Se é possível fazer aqui, dentro da prisão, um ambiente dos mais hostis e inóspitos, não tenho dúvida alguma de que é possível fazer em qualquer outro lugar.”
Fonte: Rádio Aires de Liberté.